O rim possui um papel importante na regulação do balanço ácido-base, eletrólitos e água no organismo, além de, excretar produtos do metabolismo de proteínas e ácidos nucleicos como o ácido úrico, a uréia e a creatinina.
Dessa forma, a ureia e creatinina são utilizadas para avaliação da Taxa de Filtração Glomerular (TFG), já que, sua produção é endógena e são excretadas pelo rim por meio da unidade funcional, o glomérulo.
Os exames laboratoriais auxiliam na avaliação de função renal e devem ser realizados com precisão, entenda mais a importância desses marcadores séricos.
Ureia
A ureia consiste no principal metabólito nitrogenado derivado da degradação de proteínas no organismo humano, sendo a maior parte excretado pelo rim, mas também pelo sistema gastrointestinal e pele. Apesar de ser muito utilizada pelos médicos para avaliação renal, não é considerada um marcador específico para isso.
Isso se dá por alguns motivos, a ureia é reabsorvida parcialmente após a filtração glomerular levando a uma maior concentração sérica, independente da função renal comprometida. Além disso, fatores como dieta, hepatopatias, sangramentos gastrointestinais, desnutrição, medicamentos, entre outros, podem alterar sua concentração sanguínea.
Normalmente, o valor normal da ureia, nos laboratórios de análise clínicas, varia de 20-40mg/dL em adultos.
Creatinina
A creatinina é derivada principalmente do metabolismo da creatina muscular e pode variar as concentrações séricas de acordo com a massa muscular, portanto, é diferente conforme idade, sexo e raça. A principal fonte de eliminação se dá pela filtração glomerular, mas pode também ser excretada pelos túbulos renais.
Na maior parte dos laboratórios clínicos o valor pode variar entre 0,6 a 1,3mg/dL.
A excreção da creatinina é feita quase que constantemente e é um ótimo marcador para avaliar a TFG, sendo considerada, um exame mais específico que a ureia, por exemplo. Apesar disso, os níveis de creatinina sérica só começam a ultrapassar o valor limite de 1,3mg/dL quando pelo menos 50% da TFG está diminuída.
Isso significa que o rim deve estar significativamente comprometido para que seja possível captar esse marcador no sangue. Uma dieta rica em carne pode também alterar a creatinina, mas de forma mais branda.
Então, comumente costumamos dizer que a creatinina é um marcador renal específico mas não sensível, enquanto a ureia, é um marcador sensível e não muito específico. O que em nenhum dos casos é bom ou ruim, mas sim, relacionando a outros parâmetros pode apontar para um diagnóstico precoce.
Relação ureia e creatinina
A relação ureia e creatinina sanguínea pode ser útil quando associadas a quedas significativas na TFG, em condições normais é em média 30.
A ureia é reabsorvida pelo túbulo renal após o processo de filtração, o que não ocorre com a creatinina, portanto, qualquer alteração clínica que estimule a reabsorção de sódio também desregula a reabsorção da ureia. Tornando os níveis aumentados desproporcionalmente comparado com a creatinina.
Sendo assim, uma relação ureia: creatinina >30 (ureia maior que creatinina) podemos citar: desidratação, insuficiência cardíaca congestiva e estados febris prolongados como causadores.
É de fato, importante, uma boa detecção dos parâmetros isolados corrobora para uma boa relação entre os dois marcadores. Assim, a importância da ureia e creatinina no diagnóstico de doenças renais está na detecção precoce da doença seguindo a relação entre elas e a clínica do paciente.
Métodos laboratoriais ureia e creatinina
A determinação desses parâmetros atualmente é realizada por equipamentos de automação laboratorial e a metodologia é dependente das máquinas utilizadas.
- Ureia: normalmente ocorre por técnicas enzimáticas colorimétricas, é utilizada a enzima urease, degradando a ureia em íons amônio e CO2. Em seguida ocorre um processo analítico de quantificação do íon amônio. É nessa fase que há o monitoramento da variação cromática para a determinação dos valores de ureia. Os métodos de química seca também têm sido descritos utilizando a urease.
- Creatinina: é feita usualmente por metodologia utilizando o princípio de reação na qual a creatinina reage com picrato em meio alcalino, formando um complexo de coloração vermelho-alaranjado. A cor é detectada pelo equipamento e dosada conforme o nível da reação.